quinta-feira, 28 de outubro de 2010

ESCARPAS

      Na solidão desta noite fria, chego em casa sozinha mais uma vez. Meus fantasmas me destroçam por dentro, lá no fundo do abismo sujo, enlameado das impurezas que nem chegaram a se concretizar. E assim, endurecida não sei se pelo frio da noite ou se pela devassidão do pecipício que desço vertiginosamente em direção às vísceras, já não sinto mais nada. Não há dor, não há tristeza pelo que se foi, nem um esboço de alegria pelo que possa vir, somente a dormência inerte da alma que se joga nua, sem amarras, sem destino e sem direção.
     Talvez nesse desgoverno louco, nesse desvario incontido, seja levada a algum lugar, que não imagino, nem prevejo, mas que possivelmente me espera.

                                                                                                              24/8/2010

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