A mulher só é triste. Não sei se é triste porque é só, ou se é só de tão triste. O sorriso lhe fugiu do rosto há tempo, foi junto com a felicidade que a abandonou, deixando-a afundada no desânimo, na falta de vontade de criar alguma coisa, de fazer.
Algumas vezes vem, como que presa por um fio muito tênue, prestes a escapar, uma vontadezinha de se ajudar, de mudar a vida, sair da letargia, dar um basta à solidão, porém, como disse, o fio é tão delicado que logo arrebenta e o pensamento muda antes mesmo de se organizar. Parece que dentro dela nasceu um abismo do qual ninguém deve se aproximar. O abismo ela conhece, reconhece, sabe o que pode esperar dele. Dos outros, ela tem uma espécie de pavor por não poder prever suas reações. O abismo tornou-se seu refúgio, seu porto seguro, por mais paradoxal que isto possa ser.
Acho que ela já esqueceu de como é bom ser feliz, levantar de manhã e sentir prazer por estar viva. Houve um tempo em que ela levantava feliz, animada. Sentia vontade de sorrir para as pessoas, de ser simpática, de dividir o seu tempo, as suas idéias, suas vontades, com os outros. Gostava também de escutar, ajudar um amigo.
Parece que foi em outra vida que ela esperou ansiosa que o telefone tocasse enquanto terminava de se arrumar para ir dançar com ele. O prazer da roupa nova, do sapato de salto, do batom colorindo sua boca já não encontra eco dentro da mulher só.
Hoje ela faz tudo sozinha. Vai ao cinema, vai comprar roupas, vai ao supermercado sempre sozinha. A solidão pode ser sempre pior. Aos domingos ela almoça só. Vai a um restaurante e senta sozinha, calada; come e vai embora. Domingo à tarde um cinema. Sente falta de ter um companheiro para comentar o filme, discutir possíveis interpretações. Não adianta, está só, terrivelmente só...
Parece que foi em outra vida que ela esperou ansiosa que o telefone tocasse enquanto terminava de se arrumar para ir dançar com ele. O prazer da roupa nova, do sapato de salto, do batom colorindo sua boca já não encontra eco dentro da mulher só.
Hoje ela faz tudo sozinha. Vai ao cinema, vai comprar roupas, vai ao supermercado sempre sozinha. A solidão pode ser sempre pior. Aos domingos ela almoça só. Vai a um restaurante e senta sozinha, calada; come e vai embora. Domingo à tarde um cinema. Sente falta de ter um companheiro para comentar o filme, discutir possíveis interpretações. Não adianta, está só, terrivelmente só...
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