domingo, 10 de outubro de 2010

ecos do vazio (parte II)

A mulher só se debate fragilizada entre as ondas de um mar gigantesco, em que se vê perdida. A imensidão do mar, a voracidade das ondas, feito enormes tubarões de boca aberta a amedrontam na sua incomunicabilidade. Falta-lhe alguém que a abrace; não para livrá-la daquele momento de ansiedade em que dá vazão aos seus medos, mas sim para fazer compania, para se fazer presente, para repetir o que ela já sabe, ou seja, que tem as condições necessárias para sair do turbilhão. Basta pensar, ter calma, boiar um pouco para se refazer, depois nadar... boiar de novo... nadar outra vez... Quem sabe até essas ondas, apa-
rentemente monstruosas  sejam aquelas que se formam na beira da praia.

Na praia, como na vida, tudo depende do ângulo de visão de quem olha. Se estiver de costas para a praia, o mar se mostrará infinito. Com um pequeno gesto, ao virar o corpo, pode ser que se veja a praia a poucos
metros e, certamente, a areia não se mostrará ameaçadora na sua serenidade, clareza e acolhimento.

Importante é escolher o olhar e o que se tira da bagagem que se carrega...

(escrito em 5/4/09)

Postado em 10/10/2010 às 20h 24m

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